Hoje de manhã, tomando um café com o Kelvin, falei pra ele que já fazia um tempo que não sonhava mas que ontem – fui dormir cansado pra chuchu depois de corrigir mil trabalhos e ainda fiz questão de ler uma historinha do Carver antes de capitular -, ainda naquela zona entre vigília e sono mas já com a luz apagada e tudo, ocorreu-me súbito uma imagem que julguei belíssima, e logo depois acordei com aquele sobressalto leve, levantei e fui anotar.
Eu estava na Tijuca, e andava devagarzinho, procurando lugar pra estacionar. Como estava perto do Maracanã, pensei Ah, vou dar uma passadinha lá, quem sabe eu encontro com a Lu? Estacionei, sossego total, comprei meu ingresso e entrei. Casa lotada, eu com um chopinho na mão fico procurando a Lu pelas arquibancadas e de repente a multidão faz uma ola e grita Coetzee… Coetzee… Coetzee. Olho pro alto e, saindo do interior de um helicóptero parado no ar, descendo por uma corda, está John Coetzee, ovacionado, sorridente, feliz. Chega no centro do gramado leve como uma pluma, se inclina grato e satisfeito várias vezes, e dá uma volta olímpica tranquila, acenando pra todos os lados da multidão antes de descer pro vestiário.
Que tal?, perguntei pro Kelvin.
Ele disse Vamos melhorar um pouquinho esse seu sonho. O papel picado que enche o ar do Maracanã é feito dos livros de Santiago Nazarian, Marcelino Freire e Luiz Antonio de Assis Brasil. Em uma plataforma retirada, perto da entrada dos vestiários, Zibia Gasparetto psicografa mini-contos de Franz Kafka, que serão lidos e comentados por Coetzee no gran finale. Pronto. Que tal agora?
Melhor, eu disse. Bom pra caralho agora.
¿Coetzee acenando pruma multidão? Acho q vc é q tava num pesadelo DELE. 😀
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