Há aquela história famosa envolvendo Gershwin: ele visita Webern, declara-se um admirador, Webern providencia uma execução de algo exclusivamente em deferência ao visitante. Tudo é, obviamente, austríaco, austero. Depois, como bom anfitrião, Webern convida Gershwin a tocar algo; a proposta é recebida com acanhamento e alguma hesitação, e a esse titubeio Webern responde Ora, Senhor Gershwin, música é música.
Hoje recebi a notícia de que um amigo querido vai embora. Eu, que já fui esse amigo que vai embora tantas vezes, lembrei não sei porque dessa história de Gershwin, e pensei em como desejei aprender a tocar piano melhor para, como num filme de Woody Allen, começar a tocar standards discretos e conhecidos de todos nas reuniões com a família e os amigos: os novos e os velhos, os idos, os que foram e os que vieram, os godos, os visigodos e os ostrogodos, todos todos todos, porque música é música.
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