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Em maio de

Em Maio de 2009 José Miguel Wisnik veio a Salvador para cumprir uma agenda que, de alguma maneira, passava pela Universidade e pelo grupo de pesquisas com o qual eu trabalho. Eu tinha de fazer umas perguntas para uma entrevista com ele e fiz mas,  quando a entrevista aconteceu, aconteceu sem mim pois, como de costume, lá estava eu, atrasado e aflito, depois da hora até para ter alguma serventia pra mim mesmo.

Hoje, folheando os cadernos aqui querendo achar um negócio que escrevi sobre o Costa Lima, sobre aquele texto do Costa Lima sobre o sistema intelectual brasileiro ser baseado na oralidade etc, encontrei as perguntas:

1. Numa entrevista com Idelber Avelar, você descreve Antonio Candido como  sendo não Romântico, mas Iluminista. É curioso observar essa antinomia sugerida em uma configuração que tomamos como definindo antes o semelhante que o diferente, e muito menos o oposto. Quero dizer: cabe a Iluministas e Românticos sugerir que a forma atual das coisas não é matéria de necessidade e sim de ocasião e, por essa via, indicar que o futuro pode ser diferente do presente. A rota do “Esclarecimento” seria um dos propiciadores dessa transformação, e a rota do “poeta forte”, daquele que encarna em seu ethos e seu modus operandi a forma das coisas que virão, também o é. Mas você está, ao que parece, valorizando diferença, valorizando distinção entre as noções: a que vem isso? Que diferença isso faz para como se lê Antonio Candido?

2. O uso do Pasolini no Veneno Remédio, como você diz, na p. 119, “o esquema de Pasolini, tão simples quanto estimulante pelas perspectivas que abre”. Há uma travessura interessante aqui já que, inclusive pela época de sua fatura – início dos anos 70 – a estratégia de captura dos fenômenos culturais pela semiologia era a bola da vez. Há muita graça nas analogias propostas por Pasolini entre a assinatura, o estilo de certos jogadores e alguns focos interpretativos manjados que usamos na crítica literária: Fulano joga como um poeta maldito, Beltrano joga como um ensaísta, Sicrano joga em prosa poética e o esquema de jogo do técnico Mengano é obviamente decadentista. Etc Ora, seguindo nessa direção, mas torcendo o esquema um pouco e torcendo pra que você acolha jocosamente a condição de sinuca que para você pode estar se avizinhando, o que você faria em termos de um improviso associativo com o campo da produção e da crítica literária brasileira? Quem seria o Didi em nosso campo crítico, quem seria o Garrincha, quem o Pelé, o Serginho Chulapa, o Edmundo Animal, o Ronaldinho Gaucho? E o Zico?

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